Algumas boas lembranças da infância são lembranças gastronômicas. Até hoje, amo fazer carne moída com batatas e servir com arroz. Porém, amasso as batatas e misturo tudo, fazendo um purê com grãos de arroz e carne. Arrumo muito bem no prato e me mato. Fica muuuuito boa esta gororoba.
Também gosto de amassar bananas maçã no prato, acrescentar leite gelado e um tiquinho de açúcar (nada de bater no liquidificador!) e comer a colheradas... Não fica aquela coisa homogênea da vitamina. Os pedacinhos da banana ficam meio azedinhos, no leite adocicado, uma delícia que ressalta o sabor da fruta.
São memórias de comidinhas que minha mãe, dona Maria, fazia e nos alegravam, pareciam grandes manjares, pratos sofisticadíssimos.
Outra coisa que às vezes faço é farofa doce de ovos. Urg!!! Não, muito bom. Acho chique! Era minha avó materna, Anna Luiza, quem preparava. Sobre um fio de óleo aquecido na frigideira ela deitava uns três ovos levemente mexidos, para misturar claras e gemas, e adoçados. Quando começavam a fritar, tipo omolete, ela virava e cortava os pedaços - meio similar aos ovos mexidos - e colocava um pouco de açúcar em volta, que chegava a iniciar uma caramelização enquanto a parte de baixo fritava. Aí, colocava farinha de mandioca bem torrada, de preferência de biju (aquela que tem forma de umas casquinhas) em cima do açúcar e mexia, primeiro a farinha com açúcar, depois tudo. Alguns bocados da farinha ficam crocantes, os ovos suculentos..... bom, minha gente, muito bom.
Minha avó também é responsável por parte da minha formação culinária e fominha, gulosinha ( e também pelo meu amor aos tecidos, que ela juntava em colchas de retalhos). Quando ela não tinha doce nenhum - e ela sinceramente se recusava a dormir sem comer um docinho, pelo menos uma 'bala doce', como dizia - cortava um bom pedaço de queijo curado e colocava sobre a chapa ainda quente do fogão à lenha (não sou tão velha assim, é que morávamos no interior do centro-oeste, lugar bem caipira), por cima do queijo velhinho, colocava açúcar. Derretiam ambos, se integravam, nos delicíavamos, cúmplices pela molecagem de comer doce antes de deitar. Ela morreu com 94 anos, magrela como sempre foi. Eu não tive a mesma sorte do peso, espero ter da longevidade.
Falo do que me preparavam, para introduzir o assunto comida de infância e para mostrar também que os tempos são outros. Recentemente, comprei uma sanduicheira e as crianças da casa deram um grito de independência. Talvez levarão para a vida adulta as lembranças dos sanduíches que faço e também dos que têm feito e degustado. Eu intuía que o dia em que tivessem esta chapa, os colocaria para que se virassem na hora em que a fome apertasse. Estava certa.
Também gosto de amassar bananas maçã no prato, acrescentar leite gelado e um tiquinho de açúcar (nada de bater no liquidificador!) e comer a colheradas... Não fica aquela coisa homogênea da vitamina. Os pedacinhos da banana ficam meio azedinhos, no leite adocicado, uma delícia que ressalta o sabor da fruta.
São memórias de comidinhas que minha mãe, dona Maria, fazia e nos alegravam, pareciam grandes manjares, pratos sofisticadíssimos.
Outra coisa que às vezes faço é farofa doce de ovos. Urg!!! Não, muito bom. Acho chique! Era minha avó materna, Anna Luiza, quem preparava. Sobre um fio de óleo aquecido na frigideira ela deitava uns três ovos levemente mexidos, para misturar claras e gemas, e adoçados. Quando começavam a fritar, tipo omolete, ela virava e cortava os pedaços - meio similar aos ovos mexidos - e colocava um pouco de açúcar em volta, que chegava a iniciar uma caramelização enquanto a parte de baixo fritava. Aí, colocava farinha de mandioca bem torrada, de preferência de biju (aquela que tem forma de umas casquinhas) em cima do açúcar e mexia, primeiro a farinha com açúcar, depois tudo. Alguns bocados da farinha ficam crocantes, os ovos suculentos..... bom, minha gente, muito bom.
Minha avó também é responsável por parte da minha formação culinária e fominha, gulosinha ( e também pelo meu amor aos tecidos, que ela juntava em colchas de retalhos). Quando ela não tinha doce nenhum - e ela sinceramente se recusava a dormir sem comer um docinho, pelo menos uma 'bala doce', como dizia - cortava um bom pedaço de queijo curado e colocava sobre a chapa ainda quente do fogão à lenha (não sou tão velha assim, é que morávamos no interior do centro-oeste, lugar bem caipira), por cima do queijo velhinho, colocava açúcar. Derretiam ambos, se integravam, nos delicíavamos, cúmplices pela molecagem de comer doce antes de deitar. Ela morreu com 94 anos, magrela como sempre foi. Eu não tive a mesma sorte do peso, espero ter da longevidade.
Falo do que me preparavam, para introduzir o assunto comida de infância e para mostrar também que os tempos são outros. Recentemente, comprei uma sanduicheira e as crianças da casa deram um grito de independência. Talvez levarão para a vida adulta as lembranças dos sanduíches que faço e também dos que têm feito e degustado. Eu intuía que o dia em que tivessem esta chapa, os colocaria para que se virassem na hora em que a fome apertasse. Estava certa.
Joana operando o maquinário
Compramos um modelinho básico e barato, mas é muito eficiente
McJoana
Vejo também as mudanças que a vida moderna nos traz. Minha mãe e minha vó eram donas-de-casa, estavam sempre por perto, prontas para colocar comida no prato da criançada. Nos ensinavam a pilotar fogão, mas também assumiam as panelas mais cotidianamente.
Hoje, trabalho fora e presto serviços que trago para casa. Muitas vezes, eles estão querendo ou precisando de rango e eu ocupada, atrapalhada. Sem contar que de manhã, para sairmos todos, é uma operação de guerra. Cézar se encarrega de organizar a preparação do café.
(***Acabo de me lembrar que também tínhamos nossas independências culinárias. Meu primo Paulinho, que morava em casa, fazia uns sandubas muito loucos para o lanche da tarde. Ele fritava extrato de tomate (não tinha catchup) e colocava mortadela recheada com fatias de mussarela neste molho. Com isso, recheava pão francês fresquinho e a gente comia com tubaína gelada. Putz, parafraseando Adélia Prado, quando nasci um anjo deve ter dito: vai ser gordinha na vida!!!!***)
E o meu pelotão, fardado, manda ver
Gosto de mostrar que podem fazer, que podem caminhar com as próprias pernas, tomar iniciativas, serem autônomos. Acho que precisam aprender a se garantir. Logo estarão batendo asas para estudar, para casar, para simplismente morar em Barcelona, como Vinícius diz que fará, ou em São Paulo, como Joana diz que fará. Meus tchucos cada dia mais donos de si.... Pão, presunto, queijo, tomate, óregano e molhos não podem mais faltar. Se o queijo derreter, vazar do pão e ficar crocante, então, o pelotão adora.... e se acha!
Mas não nos enganemos, se mamãe trouxer leitinho e bolachinha na cama, nenês gostam muito.... Agora mesmo, esperava que minha mãe viesse passar o feriado conosco. Eu, marido, netos e até amigos já fazíamos planos cheios de segunda intenção: aquele franguinho, aquela carninha de porco, aquele bolinho frito de polvilho (que mamis aprendeu com vó Anna, sua sogra, e eu não! ) com cafezinho da dona Maria.... hummmm!!!!! Saudades!!!
Bom feriado a todos e beijocas com sabor de algo bem gostoso que lembre dias felizes.
10 comentários:
Oi
que lembranças boas, a farofa com ovo e açucar ainda tenho feito para minha filha, minha mãe fazia e ainda faz, o coisa boa!!
Beijo!!
Márcia
Oi, também tenho muitas lembranças deliciosas como as suas, e tento passar isso também para meus filhotes, é muito bom quando comemos algo e o paladar nos transporta para outra época com gostinho de saudade.
bjs
Oi Ana, que história gostosa.
Eu faço omelete com açúcar para a minha filha também e ela chama de ovo-panqueca.
Quanto à sanduicheira, foi coincidência porque a nossa chega amanhã e a minha filha está aguada esperando. Mudamos de cidade e de voltagem a 8 meses e tivemos que deixar todos os eletrodomésticos. Pra ter uma idéia, só a um mês que temos máquina de lavar de novo... ô dureza.
Mas aos poucos vamos comprando as coisas que facilitam a nossa vida.
Outra coisa que eu faço diariamente é deixar uma garafa térmica com água fervida na cozinha. Aí minha pequena faz chá, capuccino e até miojo. Dá pra se virar né, já que não podemos estar presentes o tempo todo.
Um abraço, Ana, adoro seu blog.
Sabe que chorei lendo o seu post...lembrei de tantas coisas da infãncia que já vai longe...O pão de casa da mãe, o bolinho de chuva da avó que já se foi...Nada de refrigerante, raras vezes tomávamos gasosa e um xarope que misturava com água. Tomávamos muito Ksuco, acho que nem existe mais...Era tão bom, coisas simples, mas tão marcantes.Hoje meus filhos tem para comer, o que querem, é só pedir que eu faço. Eles já são grandinhos e o Lucas sabe cozinhar muito bem,mas sabe como é mãe, né? Realmente, o leitinho com bolacha não pode faltar! Beijos!!!
Ana, cheguei na horaboa, me deliciei com tantas receitas,vou correndo pra cozinha super inspirada..
bjks
Aninha, acho que toda a nossa vida gira em torno das lembranças gastronômicas, não é?
Como vc, também gostava de "guisado" de batatas esmagadinho com arroz. Jesus, amo aquela gororoba!
E minha mãe também faz um negócio que eu adoro: primeiro ela faz uma boa fritada de batatas, depois ela mistura ovos e cheiro verde e faz uma omelete de batatas fritas. Passe longe da balnça! Mas é de comer de joelhos!
Assim como vc, também gosto de banana esmagada com leite. O mesmo para o abacate, só que sem o leite e tapado de suco de limão.
E mogango com leite e açúcar?
Lá em casa, casa de gente pobre, raramente se via um doce, uma sobremesa. Então, quando minha mãe fazia farofa, eu fazia a festa, porque depois do almoço era só colocar uma ou duas colheradas de açúcar por cima da farofa e tã-dã, estava pronta a melhor sobremesa que as lombrigas famintas poderiam querer!!
No meu tempo, não tinha essa delícia hitec de sanduicheira. A nossa, era um artefato metálico que cobria o pão, com barras para vc segurar à distância e que vc levava direto ao fogo, tomando o cuidado de virar sempre, para não queimar.
Eu até tenho essa modernosa aí, mas ainda acho o sabor da sanduicheira manual, muito mais...minha infância pobre! rssss
Aliás, aqui em casa a "modernosa" está aposentada, porque o filho prefere sanduba feito na frigideira, prensado com a tampa da panela...kkkkk.
Beijocas flor!!
OI Ana, adorei este post!!! Achei tão tocante! Também me lembrei dos lanches e comidinhas que minha mãe fazia quando eu era pequena. A massa de pizza caseira com molho de sardinha (sim, era gostoso) que eu tomava com guarapam sem medo de ser feliz! Bolinho de farinha de trigo feito a tarde para tomar com um cafezinho, broa de milho; e a lancheira do Jardim de Infância (era como chamavam a escolinha na minha época)? Eu não me esqueço do lanche simples mas sempre presente, um bom pão com manteiga (manteiga mesmo!) e a garrafinha de café com leite (ou toddy, quando era início de mês). Nossa, esse seu post me fez viajar na infância... e pensar que preciso deixar algo para minha filha lembrar também, algo para além dos danoninhos e nuggets! Beijocas
Ah, lendo os comentários, lembrei que também tomava muito ksuco! O refrigerante era só nos finais de semana ( e no início do mês, próximo ao pagamento do meu pai) e também fazíamos misto quente na misteira de mão, até hoje eu tenho! Beijocas
Com todas essas suas lembranças, começei a lembrar das minhas, e uma avó tá sempre no meio. Lembro que a minha fazia um "brodo" que tenho seu cheiro em minha memória. Lembro de suas macarronadas cuja massa ela mesma fazia. Molho do macarrão?...nada de química era tomate puro. Ela arrematava na feira uma quantidade enorme deles e deixava secar ao sol, e aquilo ficava o tal do pure do tomate....Bem são memórias boas que graças à Deus o tempo não leva.
Bem passei por aqui para agradecer seu comentário carinhoso em meu blog. Gostei do seu virarei seguidora.
Um grande abraço.
marilene.
Com todas essas suas lembranças, começei a lembrar das minhas, e uma avó tá sempre no meio. Lembro que a minha fazia um "brodo" que tenho seu cheiro em minha memória. Lembro de suas macarronadas cuja massa ela mesma fazia. Molho do macarrão?...nada de química era tomate puro. Ela arrematava na feira uma quantidade enorme deles e deixava secar ao sol, e aquilo ficava o tal do pure do tomate....Bem são memórias boas que graças à Deus o tempo não leva.
Bem passei por aqui para agradecer seu comentário carinhoso em meu blog. Gostei do seu virarei seguidora.
Um grande abraço.
marilene.
Postar um comentário