sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Overdoses: meninos, artesanato, chuva e sono bom



Agumas coisas me fazem bem: meus filhos, artesanato, chuvinha fazendo seu barulho - tá certo que tá estragando o mundo ou pelo menos devolvendo o que nós fazemos ao mundo! - e uns cochilos. Tenho frilas pra fazer, mas me propus a ter tempo pra isso, neste restante de férias.




Ontem foi um averdose. Na quarta, caí num lexotan básico e dormi até 10h de quinta, um sonho de sono que me deixou preparada para a festança.






Ok, não durmo assim linda, fofa, maquiada, enfeitada e relaxada com meu biquinho angelical desde que rompi meu contrato trilhardário com a Globo e deixei de participar da novela das oito. Concorda que a Luciana tetraplégica, jogada na cama da UTI continua mais linda que nós?


Depois de um café com lei, saí, de mototaxi porque estou uma sem-carro, entrevistei um sargento sobre programas de prevenção a drogas nas escolas, o Proerd - e eu, ainda songa de lexotan, fazer o que?-, voltei, almocei e o toró caiu.... Escrevi uma matéria para o Via Gospel, sobre o bom samaritano. Revisei uns poucos textos. E encerrei o expediente.


Ninguém muito a fim de ver filme, de ver TV, de ir para o playstation, PC meio esquisito e dando piti, não sei o que deu nos dois filhos que restaram em casa - o Vinícius está em missão fora da cidade, até domingo, jogando futebol. A Joana até fez uma chapoza para sair e tomar sorvete com duas colegas. Mas, seguindo a principal lição do Proerd, que é evitar a situação que possa gerar o problema (no caso a chuva e ter que caminhar uns 2 quilômetros), abortou a ideia do milk shake.


Assim, de bobeira, varamos a tarde, chegamos à noite. Umas corridinhas deles na TV pra ver "I Carly" ou "Malhação", uns ouvidos atentos para algumas notícias e varamos mesmo, até 22h, os três - eu, Teo e Joana -, brincando de artesanato. Uma boa garrafa de café, para todos, um pacote de bisanguinha para o Teo. Ensino a pintar, a colar tecido, a fixar os guardanapos... Às vezes, não concordo com a composição de cores que escolheram, acho juta melhor que algodão, eles não me ouvem. Deixa como está, cada artista com sua criação. Eu estou ali para mostrar como faz e não pra dizer o que fazer.


Imagem: sidneiart.blogspot.com O artista aceita encomendas para este e outros painéis que faz






A câmera ficou esquecida na casa do meu irmão, então farei fotos reais com o resultado do dia com arte depois.



Porque rendeu.... toquinhos e ripinhas receberam decoupage, assim como a tábua de construção mais arregaçada que já encontrei. Esta estava machucada, eles criticaram até, dizendo que eu ia gastar tinta e material naquilo, mas tá bonita com suas magnólias rosa-transparentes. Fizemos quadrinhos com guardanapos, repintamos caixa de mdf, até arte francesa 'inventamos' de aprender, usando uma caixinha de papelão porque não tinha uma daquelas molduras fundas para fazer a instalação.


Joana criou um molde para fazer uma bonequinha de feltro, porém emo. Isso, nada de cute, vai ser emo, com aquela franja atravessando a testa, cobrindo um dos olhos.... para presentear a prima. Acho que vai ficar cute rsrsrsr. Mas gosto de vê-los buscando colocar seu universo nas técnicas que existem.


Imagem: alexiamoraes.blogspot.com. Olha que graça esta bonequinha emo de papel com seu guarda-roupas completo.



Quando marido chegou meio respingado, 21h, corri para fazer o jantar. O 'ateliê' era não somente na cozinha, como era a cozinha inteira. A mesa de jantar, a pia, a mesa de apoio, o fogão... Empurrei umas coisas para um canto, outras para outro, dobrei uns tecidos, pra disfarçar a bagunça e liberar espaço.




A foto é da Luciana Murta, mas na falta de uma minha, usei como referência, porque esta mesa estava organizada, diante das nossas.... Vale a pena conhecer o blog dela, cheio de scraps e artes legais. Porque para criar, é importante bagunçar.... quase sempre.





Esquentei arroz e feijão com bacon. Refoguei batatinha e cenoura com carne moída e uns pedaços de costela cozida. Para as crianças, não coloquei, mas, para os adultos, engrossei este cozido com um delicioso molho de curry, de esquentar a alma e o estômago, de tirar o picadinho do trivial. Aqui, um aparte: gosto de fazer isso, 'requintar' o trivial. Para isso, molhos de queijos, creme de leite, curry e alguns temperinhos salvam a pátria.




Meu super prato ficou mais simples, mas este, da traineedecozinheira.blogspot.com está super apetitoso, concordam? Dá uma passada lá pra conhecer os dotes da moça.



Nesta altura, Teo já tinha se cansado da brincadeira e foi para a sala, montar barraca com colchão, edredon, almofada, travesseiro, sofá. Há muito tempo ele não fazia isso. Preferiu jantar lá no seu acampamento, comida servida na tijela, colher e lanterna do celular para iluminar. E todos acharam o jantar delicioso... rsrsrs. Carne moída com batata e não sobrou nada.



A cabana também não era bem essa, mas vale a referência e conhecer o blog bebêcomestilo.blogspot.com.


Depois, ele e Joana transferiram o acampamento para o quarto dele.


Concluí os trabalhinhos e fui guardar as tranqueiras. Pincéis, latas de linta, vasilhas com cola, pregos, martelos, milhões de coisinhas, potinhos, caixinhas, figuras. Na parede, minha nova tábua decoupada. Na mesa, encostados na parede, algumas peças ainda secando. Parecia um show-room de lojinha de decoração artesanal ou uma feirinha.... kakakakka
Feira em Tavira, Portugal. Imagem do blog O sopro do coração. Lá, falavam de uma arte chamada trapologia, vou pesquisar pra ver o que é.

Cansadíssima, achei que dormiria o sono dos justos depois daquela overdose de bons momentos. Não precisa de over de tranquilizantes, porém, por via das dúvidas e porque pretendia dormir bem e feliz, parti o comprimido ao meio. Prudência, dinheiro no bolso, canja de galinha e um tiquinho de calmante não devem mesmo fazem mal a ninguém. Ainda estou mareada.....

Este negócio de sair no Google, catando foto, me levou a novos blogs nos quais fuçarei mais.... confira o pessoal aí de cima tb. pode dar sono ou acalmar. Bj

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

As cagadas das férias


Estou realmente com preguiça de postar, as ideias vêm, mas não me atrevo a digitá-las. Preguiça mesmo..... ou.... certeza de que este post será longo.

A falta de motivação talvez se deva às inúmeras cagadas que fizeram das minhas férias uma sucessão de sustos, colocou as noroadrenalinas nas nuvens e, claro, não me fizeram relaxar. Pior, me deixaram tensa, muito tensa.....

Li por aí que "as estruturas que deflagram o pânico num indivíduo são as mesmas que existem em todos nós para desencadear uma reação de fuga e luta numa situação de emergência.Ao longo da evolução da espécie humana, o cérebro humano desenvolveu sistemas fundamentais para responder a perigos próximos ou distantes que levem à destruição imediata do organismo. O pânico resulta da hiperatividade desse sistema cerebral que foi desenhado para produzir respostas imediatas ao perigo iminente".

Então foi isso: uma hiperatividade do sistema cerebral que foi desenhado para produzir respostas imediatas ao perigo iminente, uma desregulada neuroquímica, hummmm. Mas, ok. Qual foi o perigo iminente? Vamos à história, senhoras e senhores.... como avisei, uma sucessão de cagadas e eu vivi dias de "Esqueceram de Mim", "Titanic", fiquei a ver navios e entendi, agora sim, literalmente o que esta expressão diz e ainda passei por um episódio de "Mulher (es) à beira de um ataque de nervos). A despeito de tudo, vamos à uma espécie de diário de bordo.


1ª Cagada - Dia 5 de janeiro. A sogra liga e informa que as crianças precisam de carteira de identidade para embarcar no Cruzeiro Imperatriz, que ela nos presenteou. As crianças não tinham o documento, me disseram anteriormente que bastava documento normal. Pra mim, normal pra criança é registro de nascimento, uma cagada do tempo do onça.


2ª Cagada - Dia 6 de janeiro. Trabalhei até 14h e corri contra tudo, todos e o tempo. Comprei roupas, comprei mala nova, fiz malas, levei filha para uma escova inteligente. Ufa, vencemos tudo, todos, o tempo. Embarcamos para São Paulo, ansiedade elevada alguns graus. Até que: Putz, Argentina é viagem internacional, (Escusa, hermanos, mas não consigo ver seu país como Exterior!!!) precisa de autorização do pai para os filhos deixarem o Brasil. E o pai? Estava viajando, teria que mandar a autorização depois, via sedex, enquanto o Poupatempo paulistano nos garantiria os RGs dos pequenos, com apenas 24 horas para expedição. Noradrenalida dois degraus acima, ansiedade idem.


3ª Cagada - Dia 7 de janeiro. Documentação encaminhada, tensões aliviadas. É? Descobrimos que as autorizações tinham que ser registradas em cartório, com fotos das crianças, cópias de documentos. Ótimo, é uma proteção para nossas crianças do Mercosul, rigorosa esta Argetina! Marido faz uma correria, mil ligações SP-MS, sogra nervosa, achando que não daria tempo, pois a papelada só poderia ser enviada dia seguinte, no tal Sedex 10. Mais ansiedade, claro. Dava tempo. Dia 9 de janeiro, cedo, autorizações em mãos, RGs em mãos, malas prontas, últimas compras efetuadas


4ª Cagada - Baixar a guarda para a capacidade das crianças. Fomos visitar uma amiga, no sábado, almoçar por lá. AP no primeiro andar, novinho, móveis e decoração lindinha. Amigos reunidos, risadas, novidades em dia, vinhos, comidinhas, uma boa massa e as crianças soltas, os meus dois meninos e a filha dela, a Bia. Até que o Téo aparece com o rosto arranhado e a Bia me confidencia que eles pularam da sacada do primeiro andar, na correria da brincadeira. Quase morri. Sobrevivi.


5ª Cagada - Dia 10 de janeiro nos levantamos cedinho, tomamos café, as últimas providências e um táxi para um hotel onde tomamos o ônibus para o Porto de Santos. O roteiro: Santos, Buenos Aires, Punta del Este, Itajaí, Santos. Sete dias de boa vida, boa comida, uma grande viagem, férias e descanso para todos. Chegamos na primeira turma em Santos. Tudo se resolvendo, orações em dia, agradecimentos a Deus, fila para o Check In. Tudo normal. Menos o meu próprio RG. Si, meu erregezinho de 2o e tantos anos atrás não seria aceito nem foi aceito meu erregezinho novo de jornalista: tem tudo, CPF, digital, assinatura, o mesmo número de RG 'normal', até tipo sanguíneo, só faltava falar espanhol.... e nada, a agência não aceitou porque a Argentina não aceitaria_ como a viagem para 'cinco' pessoas era uma cortesia de R$ 10 mil deles, nem dava pra fazer escândalo pela falta de informações. Aí, já viu. A hiperatividade do sistema cerebral que foi desenhado para produzir respostas imediatas ao perigo iminente disparou. Hiperhirepatividade, claro. Incredulidade e aquela cara de tacho, de desinformada, de marinheira de primeira viagem desavisada, de turista acidentada.... um terror rsrsrsrss, não queiram passar. Fomos pra lá, pra cá, falamos com um, com dois, com a Polícia Federal, tentamos dar carteiradas - ela de atriz e eu de jornalista... Nada comoveu as autoridades. RG para ir ao Mercosul, de acordo com um tratado recente, deve ter menos de dez anos, foto parecida com sua cara de hoje, nada de rasuras, nada de ser plastificada.... anotem aí, caso queiram ir à terra do tango.

E o passaporte? Vencido, ficou no MS. Raiva, vergonha, medo, raiva, desolação, incredulidade, tudo junto e misturado...


6ª Cagada - Tomar atitudes de afogadilho, no momento tenso. Qual foi? Mandar as crianças para a viagem com a sogra, sem ponderar perdas e ganhos. Não vê problemas? Talvez nem haja mesmo. Nem houve. Corremos com quinze minutos de prazo até o juizado para conseguir que ela fosse autorizada a viajar com a meninada. Aquele zelo todo para a autorização do pai não se repetiu. O juiz demorou um pouco, mas deu a dita, sem olhar nossa cara e sem comprovar que de fato ela era a avó. Menos pior, sei lá! Mas os problemas: eles não convivem, ela não tem experiência nem muita paciência com crianças - ainda mais três!, os meninos tinham pulado do primeiro andar na casa da amiga, lembram-se?, eles são amáveis, mas espinafrados.... meu Deus, poderia ser uma hecatombe familiar. Eu já estava descompensada, com ânsias de vômito, tico ia pra esquerda, teco pra direita... e os quatro, portão de embarque afora.... que sensação de perda, não da doce vida, mas do controle da situação, de mandar os meninos para o Atlântico, para sua primeira viagem internacional e sobre as águas, sem minha insubstituível presença materna rsrsrs.


7ª Cagada - Fazer mala junto. Então, a mala já estava embarcada no Imperatriz e não tinha como voltar para eu pegar minhas coisas. Fiquei no porto, a ver navios partirem, sem roupa, sem lenço e com um documento considerado defasado, ou seja, sem documento, pelo menos documento válido para los hermanos porteños.


8ª Cagada - Tentar consertar uma cagada a qualquer custo. Antes do tchau final, combinamos que eu tentaria fazer a segunda via do RG e ir à Argentina de avião, me juntar a eles no navio, e prosseguir viagem, juntos. Com tantos atropelos conseguimos chegar ali, conseguiríamos romper esta outra dificuldade. Ilusão, ingenuidade e porra-louquice tudo junto e misturado!!!!!

Com a bolsa pessoal, a escova de dentes, meu perfuminho barato, calças jeans, camiseta estampadinha de verde, sandálias havainas com strass e florzinha verde e meus documentos inaceitáveis, subi a serra. Nas curvas da estrada de Santos, até chorei, como mãe que tem as crias arrancadas, que fica com o leite vazando sem o nenê para mamar.... rsrsrsrs - gente, cabeça é uma loucura e aquele sistema feito para me dar o saudável alerta para os riscos estava mesmo em hiperatividade!!! Já era patologia.


9ª Cagada - A decisão da cagada anterior gerou esta. Fiquei perdida, no AP da sogra, na avenida Paulista, linda vista, tudo que São Paulo tem de bom na porta de casa. Sem vontade de comer, sem vontade de ir para onde quer que fosse. Fui pro computador. Pesquisar preços, vôos, formas de conseguir um RG express, fosse onde fosse. Não consegui ligar as TVs, sintonizar a NET, foi tudo desligado para a viagem.... ok, diante de tanta merda era só mais uma, ficar em silêncio. rsrsrs. Segunda-feira, mobilizo marido para mandar a certidão de casamento para o novo RG - nos casamos há cinco anos, continuo com nome de solteira! Internet, internet, e chego à conclusão de que iria a Belo Horizonte, de onde é meu RG, fazer a segunda via no UAI, o Poupatempo de lá. Em 24 horas estaria em mãos. Então, façam as contas. Receberia a certidão de casamento terça-feira cedo pela transportadora da mesma empresa de ônibus, voaria para BH, chegaria lá umas 10h, quarta de manhã estaria com o documento nas mãos, voaria para Buenos Aires, via São Paulo, chegaria antes do navio zarpar para Punta, marcado para as 18h. Deu pra entender a viagem?? Viagem de pó, de neurotransmissores em pane, de gente sem noção. Mas, caros e caras, tentei. Liguei para BH, o cara do UAI me avisou que o sistema estava fora do ar sem previsão de voltar naquele dia... mas enquanto há vida há esperança. Em Sampa, eu podia fazer a primeira via de um novo RG, mas demoraria 15 dias para ficar pronto... então, só em Minas eu resolveria.

Enquanto a certidão de casamento viajava para Sampa, um pouco de sanidade. Fui conversar com minha amiga severina Eliene no msn. Ela prontamente me apresentou virtualmente para a Nana, do Manga com Pimenta, combinamos nos encontrar no final da tarde de segunda, depois de darmos muitas risadas, falarmos muitas besteiras e palavrões e de eu iniciar um post sobre o 'causo', que não coloquei no ar, tá lá nos rascunhos, em mal traçadas linhas sem eira nem beira. "Estarei de blusa azul, saia de florzinha, bolsa rosa", me disse a doce Nana. E eu? "De calça jeans, com uma das duas calcinhas que comprei para suprir o guarda-roupa que está no oceano, uma camiseta preta do namorado da sogra e as havaianas". Ponto de encontro: Extra da Brigadeiro.

"Oi, você é a moça de blusinha azul?" Era, subimos a Paulista a pé, hora do rush humano mais legal do continente - eu particularmente amo -, conversando, falando de família, de blog, nos conhecendo ligeiramente.... nos sentamos no shopping Center 3, na Doceria Ofner, mais especificamente, e não pedimos nada. Eu estava tão tonta que nem vontade de degustar uma delícia desta instituição paulistana das calorias, que é a Ofner, eu quis.

Sobre a Nana. Gente boa, lindinha, mulher com cara tranquila, lutadora, uma batalhadora do dia-a-dia, apaixonada pelos blogs que mantém. Um refrigério para aquela hiperatividade neuroquímica que ainda continuaria dia seguinte.

Para encurtar: o documento chegou. Fui à Barra Funda buscar, bem cedinho. Peguei um ônibus quase certo, desci longe, caminhei quase uma hora, atravessei um ponte improvável, numa calçada que não tinha mais que trinta centímetros e carros a mais de 80 por hora passando ao lado. O endereço estava errado, caminhei mais um pouco. Peguei o documento. Tomei ônibus certo. Desci na Paulista para pegar a troca de roupa que tinha e fui pra rodoviária, tomar ônibus para o aeroporto de Cumbica. A Marginal estava naqueles dias, o ônibus executivo de R$ 32 a passagem se atrasou 50 minutos.

Tudo meio conversado com a agência do navio para facilitar minha vida no embarque para BH, mas perdi a hora hábil para embarcar. Então, para arriscar, tinha que achar alguém em BH que me garantisse que o RG ficaria pronto. Uma, duas, na terceira pessoa a ducha de água: "se quiser arriscar, venha, mas não estamos garantindo porque o sistema ainda não está totalmente bom". A atendente da agência com uma cara de dó de dar dó me desaconselhou, ainda assim olhou vôos, fizemos novos roteiros, possibilidades para o que, de resto, eu já sabia seria impossível. Desisti. Por quinze minutos. Passei na Webjet, fiz outra cotação, vendo se ainda haveria um jeito de arriscar ir a Minas e depois para Punta. 'Punta' merda.... merda, merda, merda, desiste, filha.... cai na real, perdeu o presente, os filhos nesta hora já estão se acostumando com a avó, ela com eles... o que for já é.... danou-se, esquece.

Voltei pra casa da sogra, num ônibus de R$ 3,00 e mais metrô de R$ 2,70, abri o e-mail, enquanto ligava pro marido para avisar que não consegui mesmo.... enquanto lia o e-mail dela me tranquilizando que estava tudo bem, com todos curtindo adoidado, ele me informava no telefone que havia saído sem documento de habilitação e batido o carro e tals..... que o prejuízo era alto, mas sem qualquer ferido ou polícia para constatar a falta de que?de documento....cara. Eis a décima cagada. Na verdade, a menos impactante naquele momento.


11ª Cagada - Substimar a autoridade. Ande documentado, com tudo o que tem direito e mais um pouco e creia em suas intuições, uma espécie de autoridade que vem do céu. Explico. Desde o primeiro dia em que a possibilidade desta viagem foi anunciada eu não a via. Nunca me imaginei de vestidão longo, salto alto, coque, sorrindo para as fotos na noite do comandante, nunca me vi desfilando de maiô pelos decks, nem jogando no cassino. Tão pouco me vi assim, de braços abertos, na ponta da proa, cabelos ao vento, estilo Titanic, com aquela musiquinha de fundo ou na free shop torrando o cartão. Eu sabia que não iria, desde o primeiro momento, mas não dei ouvidos a mim mesma e não me preparei para ficar, na boa, curtindo a vida de sampa, com filhos preparados para seu primeiro vôo, digo, navegar, solo. Sabia que o plano A não era pra mim e não fiz plano B.


12ª Cagada - Não deixar a ficha cair, não aceitar o imponderável, não relaxar, não aceitar minha cagadas.... ou pelo menos demorar para deixar estas coisas acontecerem.


Depois de tudo me restou: caminhar muito, rever amigos, levar cachorra da amiga para passear - e descobrir que paulistano cumprimenta os cães na rua e nem olha pros seus condutores (vou escrever sobre isso)-, ir ao cinema, chegar em casa depois das 2h da manhã, ir à 25 de Março e carregar mais peso do que é humanamente recomendável, caminhar mais, comer pouco. Tudo isso, com aquela hiperatividade insistindo em continuar. Porque é assim, quando detona o processo, só no medicamento para refrear A COISA. Então, cagadas à parte, no domingo seguinte, quando o povo chegou, chorei, ouvi as críticas e eolgios sobre o comportamento deles, matei saudades e a sogra me deu umas gotinhas de Rivotril e, enfim, dormi e entrei em férias. Fui assistir a Avatar 3D com eles, caminhar com eles, fui ao McDonald´s com eles e descobrir que sou um bando. Já amei a solidão e eu me bastava a mim. Segunda, dia 18, foi meu aniversário de 43 anos, voltamos para nossa casa à noite, de ônibus, 9 horas de viagem.

Hoje, 4.3, sou pelo menos quatro, meu plano A de vida. E sei que preciso pensar no plano B. Amanhã, Vinícius, 10 anos, faz sua primeira viagem sozinho mesmo, sem vó nem nada. Foi convocado para disputar um torneio de futebol defendendo a cidade. O carro está em conserto. Eu ainda tremo pra contar esta história, A COISA ainda não acalmou, não estou dormindo tão bem quanto deveria, comecei a caminhar com a nossa cachorra. A mala dele, ele mesmo fez. Estou ajudando nos detalhes finais. De tudo, eles arrumaram muitos amigos, os orkuts e msns da vida estão super ocupados, se viraram, apresentaram peça de teatro no navio, com altos e baixos, cagadas e acertos, foram eles, vieram bem, cheio de experiências que talvez não tivessem comigo ao lado. Acho que até amadurecem um tantinho. Preciso pensar no plano B, me lembrando de uma dor que vi nos olhos e na fala do meu pai quando saí de casa para a faculdade: enfim, chegou a hora de você bater asas, ele disse. Depois destas navegações e divagações, sei que eles estão começando a levantar vôo. Isso é bom e ruim, que merda! Cagada esta de ter filhos e sentir que eles são seus, só seus.....

Agradecimentos
Bem, para relaxar e mostrar que mi corazón partio tem cura, recebi um presentinho da querida Ruby, do Meu Canto, Minha Prosa. Rubizita, considerei presente de niver porque você postou dia 18. Obrigada pelo mimo carinhoso e lindo.
Agradecimentos ainda à Nana e à Eliene que seguraram meu Tcham, para a sogra que levou a moçada, para a moçada que voltou, linda, leve e com vontade de ser solta..... confira aqui.