Pos-post. Relendo o post de ontem, hoje, não tive como não complementar, ao chegar ao trecho do texto em que lembro da vó Anna Luiza e sua boca desdentada. Então, leia o post de ontem para entender o de hoje. Ela nunca teve uma pia na vida. Suponho que nos seus tempos de infância, na década de 10, 20, deve ter usado uma canequinha na beira da roda d´água para fazer a higiene bucal. Não uma canequinha de ágata, porque era pobre, mas uma daquelas em que se aproveitava uma rara lata que vinha com mantimento e mandava rebitar uma asa de folha de flandres, reaproveitamento que cheguei a conhecer na minha infância.
A privada era daquelas de buraco, uma casinha de madeira no quintal, talvez com uma fresta no teto para observar a natureza.... como esta daí. (Parênteses - Sabiam que existe uma história, uma sociologia sobre a história da privada, teoria pra explicar como as cagadas humanas saíram do ar livre, foram confinadas e sofisticadas ao longo dos séculos????)
Na velhice, ela já tinha um vaso sanitário, o banheiro continuava externo, mas nada de pia. Com sua boca careca, como a gente dizia com sorrisinhos marotos, não precisava escovar os dentes, claro, então lavava a boca e o rosto, com sabonete, no tanque, esfregava a gengiva com o dedo.
Também lavamos a cara no tanque, muito, inclusive meus meninos, quando freqüentávamos um sítio que meu pai teve. Quando a água do poço praticamente secava, a disponibilidade era também uma única caneca de água para caras e bocas. E essa escassez de água é algo do que ainda quero falar, outra hora. Porém, havia uma grande vantagem, pra vó e pros meninos na visita à casa do vô: a de tirar a remela dos olhos e acordar para o dia olhando o quintal, as plantas, o sol preguiçoso, o orvalho ainda rebrilhando, talvez um passarinho ou uma galinha emitindo seus primeiros sons. Para isso não havia preço.
Vai daí meu gosto pra banheiro, entendi hoje. No meu banheiro, o pé de bucha enfiando seus ramos e brotos pela janela e eu achando lindo. No banheiro deles – quase batizado de banheiro dos flintstones, ou batcaverna, ainda há controvérsias sobre o nome – as pedras, o céu pela pérgola e as plantas que virão. O custo financeiro foi nada, diante da sensação revisitada de acordar com os olhos naquilo que Deus fez. Assim, entendo também porque meu inconsciente (ou será subconsciente?) falou e me remeteu tanto à roça ao falar de banheiro mesmo que seja nos tempos atuais. Não podia, portanto, deixar de concluir com uma volta aos sábios adágios da roça: já que não tem tu, vai tu mesmo; quem não tem cão caça com gato e o entendimento de que 'para alguns tirar remela dos zóios é o regalo da vida'.
13 comentários:
Menina, ainda bem que tudo isso passou!!!! bjk e ótimo final de semana
rssss......gostei do banheiro nas alturas....
Convite:- visite minha casinha, será um prazer. Bom fim de semana.Sutana
Oi Ana, ótimo post! Realmente os tempos já foram mais difíceis! Na casa da minha mãe na roça, lá em Montes Claros, há muitos e muitos anos atrás, tinha um banheiro assim, só com um buraco no chão. Confesso que eu, pequenininha, tinha muita aflição em usar aquele banheiro. Até hoje, se vou a algum lugar remoto, perdido no mapa, e vejo um banheiro assim e u " travo" na hora, não consigo usar mesmo! E meu marido que já caiu no burado de um banheiro destes quando era pequeno? Você acredita? Acho que por isto ele hoje faz questão de um banheiro com tudo que tem direito dentro de casa! Pois é, os tempps já foram muito difíceis mesmo, mas tinham suas compensações, claro! Hoje muita gente tem o conforto mas não tem a janela para o quintal. Eu já tive, e é uma delícia tomar banho olhando para o quintal! Beijos
Ah, mas agora quero saber da parte sociológica da entrada do banheiro, porta adentro de casa....rsss.
Bjss flor!!!
Vc me fez lembrar da casa de minha avó quando não tinha água encanada e quando iamos passar as férias(na infância)tinhamos que lavar o rosto com canecas de água fresquinha de uma fonte que ela tinha no quintal, e o banheiro consistia em um vaso e um espaço para o banho tb de caneca, rs...mas gente adorava tudo isso, eram novidades para crianças criadas na cidade, com conforto e tudo à mão...depois a água chegou e tudo ficou igual, menos o quintal imenso, as brincadeiras nas árvores de frutas e a algazarra atrás das pobres galinhas e outros bichos, rs, êta tempo bom...só vc mesmo Ana, prá me fazer voltar ao passado, rss...
bjos!!
Lindo o texto, adorei! E seu banheiro ficará lindo... Também sou adepta de esconder sujeira... Pelo amor de Deus, faxina diária é de morrer de tristeza...
Nossa, vendo isso eu fico muuuito feliz com o meu banheiro feinho mesmo. Estava com saudade da senhora já, rs. E que história é essa de post especial? Estou curiosíssima, rs.
Muito obrigada pela visitinha e pelo carinho de sempre.
Um super beijo da amiga,
Isa
Oi minha querida, que saudades de você, andei offline,mas aos poucos vou colocando a vida em dia,rsrs
passei rápido só pra te dar um oi e dizer que te adoro.
depois volto com mais calma pra vcer o que andas aprontando,rsrs
beijos
Não rí não mas já usei muito um destes banheirinhos "charmosos" aí.
bj
Oi querida, passei para te desejar uma maravilhoso fim de semana!
Beijos mil,
Isa
Oi "super" que bom que vc deu o ar da sua graça, estava c/ saudade.
Um bjão,
lena
Oi, Ana,
venho por aqui sempre e to doida pra ver o resultado dessa mexida toda.
Suas imagens remeteram as blogueiras ao passado, não é? Acho q todo mundo aqui, ou pelo menos maioria, já viu um desses banheiros na roça, na casa da bisavó, da avó, num lugar do passado. Aqui em Minas esse tipo de vaso era muito comum, principalmente nos porões dos casarões, e eram usados por escravos. Graças a Deus as coisas evoluíram, né? Mas, de fato, muita coisa do passado deixa saudades, como a água fresquinha pra lavar as mãos e o rosto... Bons tempos que não voltam mais.
Querida, passa lá na Nossa Casa pra gente prosear um bocado! Te espero, viu?
Bjim
Lets
Poxa vida e você não vai nem mostrar o antes e depois, aiaiaiaai
Beijos
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